Elfen Lied

Elfen Lied: Uma não-tão-breve análise sobre um grande anime


Por Erik Pereira
Esse é o melhor anime que eu já vi…

Tá, não posso dizer que sou um grande assistidor de animes, então vou refazer minha frase:
Esse é um dos melhores desenhos que já assisti.

E nem preciso ir muito longe para concluir isso. Até a abertura de Elfen Lied é incrívelmente bela. Os desenhos baseados nas obras de Gustav Klimt, a música linda (Lilium, de Kumiko Noma), tudo nos prepara para a complexidade iminente do que nos vai ser apresentado em seguida.

Belíssimo, não? Então, antes de ler o resto desse post, assista.
Não quero estragar o tesão de ninguém com meus Spoilers e, de qualquer forma, esse post vai ser meio difícil de entender para que não assistiu…
O anime conta história de Lucy, uma Diclonius. Diclonius são mutantes que diferem dos humanos por um pequeno par de chifres e braços invisíveis muito poderosos, chamados vectors. Os Diclonius, considerados uma ameaça para a raça humana devido ao imenso poder de seus vectors, são capturados e enclausurados num laboratiório ainda quando crianças por uma organização que faz neles pesquisas e experimentos cruéis, sem, pelo menos no início da história, um motivo claro.
Nana no laboratório
A Lucy, personagem central do anime, consegue escapar desse laboratório. Durante a fuga ela é atingida por uma bala na cabeça, que não a mata mas faz sua memória desaparecer totalmente. Ela é encontrada numa praia por dois primos, Yuka e Kouta, e estes a levam para casa. A história acompanha sua vida de fora do instituto aonde foi confinada por maior parte de sua vida, a caçada que a organização faz para recupera-la, o lento retorno de suas memórias e seu relacionamento com Kouta.
Lucy escapando
Uma coisa importante a se dizer, também, é que Elfen Lied é um desenho para adultos.
A primeira cena do anime mostra uma Lucy nua esquartejando, literalmente, dezenas de soldados. Violência extrema e pornografia. Estes são os aspectos mais chamativos do anime num primeiro momento. E o mais bacana é que esses aspectos não o vulgarizam; Pelo contrário, são pontos muito bem trabalhados e fundamentados. Arrisco até dizer que Elfen Lied não funcionaria sem esses elementos, pois esse é o teor do anime: A violência não está apenas no sangue, a pornografia não está apenas nos traços das personagens.
Cenas fortes como os flashbacks de Mayu, vítma de pedofilia, e a morte do cãozinho de Lucy são ao mesmo tempo melancolicas, agoniantes e extremamente chocantes.
Mas o que mais emociona em Elfen Lied é a própria Lucy: Seus motivos, seus desejos, suas emoções, sua esquizofrenia.
Esta é uma personagem extremamente complexa, mesmo para os padrões nipônicos. Sua infância terrivelmente sofrida e seu justo ódio por toda a humanidade ao mesmo tempo legitimam seus atos durante a trama e a excluí totalmente de qualquer possibilidade de redenção.
A sua outra personalidade, Nyuu, que se relaciona com os humanos de forma amistosa e alegre é um simples contraponto necessário para a personalidade fragmentada e maníaca de Lucy. Uma valvula de escape no alento de outras pessoas e no amor, coisas que Lucy nunca antes pode saborear.
Mas tão logo ficamos sabendo da verdadeira face por trás de Nyuu, não queremos mais vê-la em cena. Queremos que Lucy exploda, que Lucy mate, que Lucy desintegre nossas próprias frustrações com seus vectors. Mas Lucy nunca acorda definitivamente, e isso nos desespera.
O sofrimento dela nos agonia, a sua ignorância em relação ao sofrimento é desesperador.
Está aí o mais próximo que conseguimos chegar dessa personagem. Não há como haver identificação total com Lucy. Ela está distante de todos nós.
É muito difícil, dentro de um anime tão cheio de informações sendo lançadas tão rapidamente, encontrar alguma lição de moral ou uma mensagem importante. Mas não dá pra dizer também que esse desenho é simples e pura violência gratuita. Se nos focarmos na complexa Lucy, na sua história e nos seus sentimentos, podemos rápidamente encontrar a razão de ser de Elfen Lied.

Ele é uma crítica ferrenha às debilidades e imperfeições grotescas dos seres humanos.
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